Andar pelo ar…

Bartolomeu de Gusmão nascido em Santos no Brasil, desde muito novo se interessou pelo “mais leve que o ar”. O seu espírito curioso e culto deu-lhe as ferramentas…a sua capacidade de compreensão dos fenómenos da natureza fez o resto.

Conta-se que um dia ao observar uma pequena bolha de sabão pairando no ar, entendeu ser assim possível subir na atmosfera e vagar suave com o vento.

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PassarolaEm 1708 trabalha arduamente no seu projecto que entrega a D. João V, rei de Portugal. O seu instrumento de “andar pelo ar” como lhe chamou ou a “Passarola” como ficou para a história elevou-se na Corte Portuguesa, na presença de centenas de ilustres convidados.

As experiências repetem-se, arame revestido com papel pardo, fogo dentro de uma tigela aquecendo o ar do balão.

Estas primeiras abordagens foram bem sucedidas, mas o grande salto deu-se em Lisboa, Gusmão construiu uma enorme barca voadora que se elevou no Castelo de São Jorge e aterrou no Terreiro do Paço. Estávamos nós em 1709 e nascia o Balonismo.

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Mas o seu desenvolvimento e aproveitamento teria de esperar ainda mais 74 anos até os irmãos Montgolfier (erradamente considerados os inventores do Balonismo) começarem com os voos tripulados…os primeiros tripulantes eram uma ovelha, um pato e um gato. O êxito desse voo deu animo aos irmãos que acabaram por seguirem a bordo, dando início a uma fase de grande loucura pelas viagens de balão. Esse dia de 21 de Novembro de 1783 foi histórico.

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Trocou-se depois o ar quente pelo gás hidrogénio, mais leve que o ar.

20151110-IMG_4999Os irmãos franceses foram de facto os responsáveis pelo aperfeiçoamento dos balões.

Mas é preciso reescrever a história, Bartolomeu de Gusmão deve ser honrado como inventor do balão de ar quente. O impacte do seu invento foi tão grande na época que o Rei D. João V chegou a planear a substituição das caravelas pelos balões de ar quente nas travessias dos mares.

Desde esses tempos heróicos e distantes muitas águas passaram por baixo das pontes, muitas nuvens desfilaram pelos céus do planeta. O Balonismo depois de muitos anos de euforia e desenvolvimento atravessou uma fase critica.

O uso de hidrogénio veio a revelar-se muito perigoso e os acidentes foram muitos.

Por outro lado o aparecimento da aviação motorizada em 1906 relegou para segundo plano o voo em balão.

Foi necessário esperar até 1955/1960 para que, devido a novos conhecimentos, ressurgisse o voo em balão, agora sem hidrogénio mas de novo com ar quente…como nos tempos dos pioneiros.

A tecnologia permite hoje um voo em balão seguro e belo…contemplativo.

No Alentejo e Algarve consegue-se usufruir das melhores condições em Portugal para a prática do voo em balão com planície e sol quante baste…quem sabe se não será o leitor o próximo tripulante calmamente debruçado na janela da natureza, olhando lá em baixo as belezas Alentejanas e Algarvias.

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José Boieiro