Nasci na África do Sul mas fui criada na Beira Alta, no seio de uma família muito dada às artes musicais. Apesar de não ter seguido essa vertente, a música e as artes plásticas estiveram sempre presentes na minha vida, e os meus cadernos de estudo tinham mais desenhos do que palavras. Sou maioritariamente autodidata no que diz respeito às artes, fiz apenas algumas formações, e os meus desenhos sempre foram privados até há relativamente pouco tempo. Paralelamente, realizei a minha formação superior na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa mas foi na aviação que encontrei o meu rumo profissional.
A pintura surge no meu percurso como uma forma de exploração de criatividade muito ligada à necessidade de produzir ou criar algo, não para ser exposto, mas para uma simples satisfação pessoal, minha e da pessoa a quem entrego/ofereço um trabalho meu, sendo a pintura a óleo o meio de eleição.
Em 2017, fiz a primeira pintura a óleo de uma aeronave, um P-3C Cup+, e desde então a aviação tem sido o principal tema dos meus trabalhos. Tenho a felicidade de poder cruzar duas das minhas grandes paixões e tem sido muito desafiante. A conjugação da arte com a aviação é algo muito particular, não existem muitos artistas de aviação em Portugal, e foram as pinturas de António Lemos Viana, que se estendem e embelezam tantos salões da Força Aérea Portuguesa, que se constituíram como uma referência marcante.
As minhas telas têm, no entanto, outra forma de expressão, sou muito devota ao realismo e às técnicas dos “Old Masters”, as quais estou sempre a procurar aprender e desenvolver. Nos trabalhos de aviação, o híper realismo surgiu de forma natural e principalmente pela necessidade de espelhar com exatidão os pormenores de cada aeronave, e isso começou a tornar-se mais evidente com dois quadros que fiz do Falcon50. Para além desta exatidão, procuro também dar a cada trabalho o sentido majestoso da “máquina” que rasga os céus ou que se encontra na placa no meio dos seus mecânicos que a conhecem como ninguém. É meu objetivo transportar o visualizador para esse momento e fazê-lo sentir que está dentro desse cenário fictício, mas próximo do real. Por outro lado, as minhas aguarelas de aviação são trabalhos que vão mais ao encontro dos habituais de espírito aeronáutico, onde conjugo elementos que na sua totalidade refletem uma experiência vivida.
Para além dos trabalhos de aviação, faço também pintura figurativa a óleo, com especial gosto pelo trabalho “wet on wet”, e exploro também o desenho a carvão. Os lápis e os pincéis fazem parte da minha vida, é através deles que vou refletindo a análise que faço das cores e das formas do dia a dia, em maior ou menor altitude, com mais ou menos potência.
Saudações aeronáuticas!
Alexandra Martins. Fevereiro 2021.
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