O incrível voo de 1100km em Paramotor

Ramon Morillas, conseguiu voar desde Jerez de la Frontera no sul de Espanha até à ilha de Lanzarote nas Canárias sobre o Oceano Atlântico. O voo que começou às seis e trinta da manhã terminou em Lanzarote depois de catorze horas e trinta minutos sobre o imenso mar.

Detentor de todo o tipo de recordes mundiais, Morillas foi também várias vezes Campeão do Mundo e da Europa.

No fundo limita-se a bater os seus próprios recordes pois não tem concorrentes à altura. Este piloto do Paramotor é também excelente no voo sem motor, Parapente onde frequentemente ocupa igualmente os primeiros lugares do ranking.

Mas, como se “faz” um recorde destes?

081bcc2c2a78489d9ef971da39bf094dRamon Morillas funciona com a sua equipa, a “Draco” que lhe fornece apoio e logística, os patrocínios, os apoios meteorológicos, etc. Não bastaria nunca a sua coragem e audácia para levar um projecto destes a bom aeródromo, a improvisação teria um preço alto. Por isso Morillas apoia-se num dos melhores fabricantes de Paramotores mundiais a PAP cujo dono Pierre Aubert foi meu companheiro de voo tantas vezes em Espanha, a quem conheço bem como piloto e técnico…Ramon sabia o que fazia quando elegeu Pierre para lhe preparar os motores.

Esta simbiose é na minha opinião o segredo…não bastava ter Piloto, teríamos de ter motor que aguentasse 15 ou 20 horas a trabalhar sem falhar…a vida de Ramon dependia disso.

Alguns dados técnicos curiosos deste recorde:
Peso do material suportado nas costas do piloto à descolagem, cerca de 110Kg entre gasolina, motor e restante equipamento. Ramon pesa cerca de 65Kg.
Quando aterrou em Lanzarote ainda tinha combustível para tentar chegar aos 1350km…mas como iria aterrar de noite foi proibido pela Força Aérea Espanhola que o seguia e apoiava…o risco de vida era grande.

Teve uma equipa de meteorologistas a trabalhar durante um ano para lhe escolherem o melhor dia para a tentativa…melhor direcção e intensidade de vento etc.

Segundo ele, as maiores dificuldades foram a descolagem com aquele peso… e as três primeiras horas até se habituar à imensidão do Oceano sem ter referências visuais, apenas pilotando com instrumentos, GPS, bússola etc.

Ia equipado com fato especial de sobrevivência para o caso do motor falhar tivesse de amarar dispondo assim de Baliza Electrónica via Satélite, ELT para ser localizado pela Marinha.

O voo desenrolou-se entre os mil e os mil e quinhentos metros de altura porque era aí que estavam os ventos fortes e de costas que o iriam “empurrar” na direcção das Canárias. O preço dessa ajuda do vento foi a grande turbulência que o colocaram à prova todo o tempo.

Ramon Morillas ficará para a história do voo em Paramotor não só pelos seus feitos, mas também pela sua simplicidade e humildade. Um homem apaixonado pelo voo, a quem devo muitos ensinamentos e formação pessoal.

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José Boieiro