Herois da aviação

O que será que Colos e Vila Nova de Milfontes tem a ver com os tempos heróicos da aviação em Portugal?!

Em 1884 nascia em Colos, Brito Pais e quis o destino que este Alentejano viesse a ser um dos brilhantes nomes da Aviação Lusa.

Obteve ao seu brevet de piloto em 1912 em França na prestigiada escola de voo “Avord”.
Em 1917 obteve em França as mais altas condecorações portuguesas e francesas pelos seus feitos heróicos em combate.

Em 18 de Outubro de 1920, Brito Pais com Sarmento Beires, utilizando um avião Breguet, o famoso avião chamado por Beires de “Cavaleiro Negro”, descolaram da Amadora na tentativa de alcançar a Madeira pela primeira vez. Na verdade conseguiram o feito, pois alcançam e sobrevoam a ilha. No entanto, não poderam aterrar devido a intenso nevoeiro. Voltam e acabaram por amarar no meio do Oceano por falta de combustível sendo salvos por um navio mercante.

Essa aventura está rodeada por uma história deliciosa, pois tinham descolado apenas com autorização do Comandante da Base, o Ministro da Guerra não tinha autorizado o voo. As tentativas do governo de castigar os aviadores acabam em Louvor e Condecoração para ambos devido à pressão da opinião pública estimulada pelo Jornal de Notícias.

Sarmento Beires foi um homem também muito activo em prol da liberdade tendo-se envolvido em movimentos de cidadania como a “Seara Nova” e várias foram as tentativas contra a ditadura que se instituiu a partir de 1927 o que lhe valeu o desterro de Portugal durante anos.

Brito de Pais também tinha a sua “costela” de homem livre e esclarecido, no entanto a sua grande “aventura” foi sem duvida o famoso e histórico raide “Portugal-Macau” em 1924 com Sarmento Beires e Manuel Gouveia.

No início do raide tudo parecia que ia acabar em tragédia. Foi necessário muito arrojo e coragem para ultrapassar as dificuldades. A descolagem de Vila Nova de Milfontes foi efectuada no meio de uma enorme tempestade. Por pouco não acabava ali a viagem e também a vida destes atrevidos pilotos.

A bordo do “Pátria”, assim se chamava o hidroavião que descolara do Ria Mira, fizeram várias escalas em muitos e exóticos países. Acidentes e incidentes sucediam-se como aquele da montanha que não estava assinalada nas cartas e da qual se desviaram no último segundo. Despenham-se na Índia devido a avaria do motor mas como a sorte protege os audazes, saíram ilesos.

Depois já com o segundo hidroavião, o “Pátria2” finalmente alcançam Macau onde são apanhados por um tufão. Sobrevoam Macau várias vezes e são obrigados a aterrar em Hong Kong.

Brito Pais que já tinha conquistado o seu lugar na história da Aviação Portuguesa foi então nomeado Comandante do famoso “Grupo da Aviação da Amadora”.

Bateu as suas asas pela última vez com 50 anos nos céus de Sintra em acidente aéreo.

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José Boieiro

Nota do editor: Vide adicionalmente Arqa Arqueologia E Património