Para lá do Marão, voam os que lá estão…

O Reino Maravilhoso existe mesmo. Vai da Terra Quente à Terra Fria. Eleva-se entre planícies e vales, espraia-se entre planaltos e socalcos. Tem tradições e tem cores, tem lendas e tem sabores. E tem magia. Tangível. Real. Que faz sentir os sentidos. Perde-se o fôlego pela vista, enche-se a alma em longos suspiros. Tem uma beleza que é Tua, tem a Natureza nua. Tem águas que curam e vinhos que perduram. Tem D’ouro sobre xistos. Deles se brinda no Mundo, de cálice de Porto na mão. Juntam-se-lhe outros frutos da terra austera, domada pelo trabalho árduo de homens e mulheres. Gente boa, gente pura, gente amiga, gente generosa, gente genuína. Forjada em três meses de inferno, endurecida por nove meses de Inverno. A este Reino Maravilhoso é bom chegar, custa partir. São imensas as razões para lá ir.

Cinco delas fazem o “pentágono de Trás-os-Montes” ou o “pentágono transmontano”. Cada um dos seus vértices um pináculo da aviação portuguesa:

  • LPMI-Mirandela, cujo símbolo gastronómico carinhosamente deu asas à imaginação que baptizou a linha aérea regional Bragança-Cascais(-Portimão) – o “Expresso da Alheira”;
  • LPVR-Vila Real, sobranceira ao Marão e que abre as portas à magnificência das paisagens transmontanas;
  • LPCH-Chaves, casa de um Aeroclube com instalações sociais de excelência e únicas a nível nacional;
  • LPBR-Bragança, onde a paixão aeronáutica, alimentada por uma dinâmica notável, materializa o Careto AirShow 2018 – Vintage Edition, um festival aéreo que cresce e inova a cada Edição; a 3ª acontece já nos próximos dias 07 e 08 de Julho;
  • LPMU-Mogadouro, que alberga o Centro Internacional de Voo à Vela, responsável pela organização de um dos mais insignes e consolidados eventos aeronáuticos portugueses – Festival Aéreo Red Burros Fly-In – que este ano vai para a sua 9ª Edição (e que é antecedido pelo Red Burros Térmicas, de 21 a 27 de Julho).

E quanto a razões para conhecer e visitar o Reino Maravilhoso, atentemos às palavras de Adolfo Correia da Rocha, que eternizou no apelido do seu pseudónimo a força, a bravura, a resiliência e a determinação transmontanas:

Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.

Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:”

– Para lá do Marão, voam os que lá estão… E os que voando lá irão… (E, como se dirá em Mirandês ou Lhéngua Mirandesa, “Buono bolo!” (Bom voo!)).


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Pedro Cruz. 29 de Junho de 2018. Fotos por D.carvalho93Javi AlonsoThe British Library, Edgar Jiménez.

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