La Polar 2018

Estava tudo combinado! Às nove da manhã do dia 27 de Janeiro, rodas no ar! Finalmente!

Há já cinco anos que tentávamos participar nesta original iniciativa de Inverno, e só agora a meteorologia nos deu uma pequena trégua para tornar este desejo uma realidade!

Os dias precedentes foram de alguma ansiedade, sempre a verificar as previsões meteorológicas, e a manter dedos cruzados para nada se alterar. E assim foi.

Burocracias tratadas, aviões inspecionados e abastecidos, licenças, seguros e tudo o mais em dia!

A viagem foi preparada coordenando as restrições de espaço aéreo com as meteorológicas. Contornar a TMA de Madrid por Norte, e dividir as quase 4 horas de voos em duas etapas para descansar e reabastecer, foram opções consensuais.

E Matilla de los Caños (LETC) perto de Valladolid, apresentou-se como o ponto perfeito de paragem. A pista já é conhecida, tem combustível e um bom restaurante. Perfeito!

Para desconhecida bastava a de destino, a pista do Aeródromo Municipal de Torremocha de Jiloca, em Teruel, a 3.227 ft e com apenas 600m de comprimento.

A altitude é um fator determinante e todos foram briefados para os cuidados necessários e as particularidades de cada avião, quer na performance de aterragem, quer na descolagem.


O Aero Clube de Viseu, fez-se representar com 8 aviões e 16 pilotos, mas apenas 7 sairiam de LPVZ. Organizámos duas esquadrilhas de 3 aviões com performances semelhantes, ficando de fora o Europa do Richard Scanlan por ser substancialmente mais rápido, e o RV6 que sairia de LPCS onde estava estacionado.


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1ª PERNA

A primeira perna da Viagem LPVZ-LETC com 143NM foi cumprida em 01H42M, já que a componente de  vento de frente degradou o nosso cruzeiro.

A fronteira foi cruzada no NINOS e antes disso o FIS Português como sempre, recomenda o contacto com Madrid, mas a baixa altitude tal não é exequível, pelo que sugerimos coordenação  com Salamanca. Assim foi, e Salamanca informa que não tem tráfego na nossa rota e pede para evitar a CTR, que nem constava da nossa rota. Portanto, tudo perfeito.

À chegada a Matilla existe apenas um tráfego local, e as aterragens foram diretas na 07 com vento fraco e sem dificuldade para nenhum dos participantes.

O insubstituível Pascual Cantos Romero, não só tinha o reabastecimento preparado como também fez questão de ir a La Polar! Mas de RV7A….teve que ir sozinho… à nossa frente e muito mais rápido!

 
   




Em Matilla (LETC) na “Taberna do Aviador”

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2 ª PERNA

A segunda perna foi um pouco mais longa 183NM e consumiu-nos 02H07M. Foi também muito mais técnica, já que havia que coordenar as limitações meteo com a base das nuvens a cerca de 5000’, evitar terreno alto (as montanhas que circundam Madrid a Norte chegam quase aos 7.000’) e não entrar no espaço “A” da TMA da Madrid que começava em algumas zonas aos 8.000’ e noutras aos 5.500’.

Sem limitações Meteo tudo fica mais simples, mas mesmo assim conseguimos fazer todo o percurso sem assumir qualquer risco. As previsões foram fidedignas! E o frio imenso!

A TMA de Madrid tem a particularidade de conter vários sectores que são espaço aéreo “A” no qual são proibidos voos VFR. É preciso um bom planeamento de altitudes para os evitar e ainda assim manter distância de segurança ao terreno.

Na chegada a Torremocha de Jiloca, somos presenteados com um vento Norte com cerca de 35 Kts, embora à superfície fosse mais fraco ainda assim foi trabalhoso.

Ouvimos na frequência a aterragem do nosso RV, que tinha vindo via Ocaña, e poucos minutos depois cabia-nos a nós enfrentar a turbulência na final. Nada a que a malta de Viseu não esteja habituada!

Tudo aterrou na perfeição! Há que apressar o reabastecimento sob um frio gélido, não esquecer amarrar bem os aviões que o vento aqui é a sério, e sair rápido para a prova de Karting que se inicia logo a seguir. Depois de quase 4 horas de voo, nada como um circuito de Kart “geladinho” para descontrair!





A cabana do Piloto, o lugar mais quentinho de La Polar.


A prova de Karting, verdadeiramente Polar!


Torremocha alberga uma escola de bushflying, que o Arturo gere no inverno, passando a Primavera com a mesma atividade mas… no Alaska! Para os interessados fica o link do site, bem interessante por sinal! www.amilpies.com

O esforço foi grande e havia necessidade de retemperar forças! A Hospitalidade do Arturo e da Elisa é inexcedível!




No fim do Jantar acendeu-se uma enorme fogueira no exterior onde todos se reúnem, e onde são distribuídos vários prémios.





O Aeroclube de Viseu conquistou o melhor prémio da noite “Un Jamon de Teruel” por ser o que chegou de mais longe e com mais aviões!

Depois de tamanha intensidade é normal que até o mais intrépido guerreiro tenha um momento de fraqueza!

Tornava-se clara a necessidade de uma boa noite de sono para retemperar forças!

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O dia 28 amanheceu “indeciso” com uma meteo quase como o previsto.

Apesar das dúvidas a base das nuvens acabou por ser menos limitativa do que o esperado e o regresso foi….rápido! Com a ajuda de cerca de 20kts de vento de cauda em quase todo o trajeto!

Aterramos em Matilla de los Caños ao fim de 01H37M quando o percurso inverso no dia anterior nos tinha custado mais de duas horas.

Não há bela sem senão e a aterragem em Matilla foi bem trabalhosa, para fazer jus ao vento!

Com todos no chão havia que retemperar forças de pilotos e máquinas! Primeiro o reabastecimento com a agradável surpresa do preço (Espanha cobra menos impostos nos combustíveis, lembram-se?) e voltamos à “Taberna do Aviador” para um almoço de “ternera” realmente tenra!

A notícia de ventos fortes cruzados de Echo em LPVZ quase nos estragava o apetite, mas a previsão era para a diminuição de intensidade ao longo do dia, portanto… desvalorizámos.


Tudo recomposto e “al aire” como se diz por aquelas paragens! De novo as duas esquadrilhas, já que o RV e o Europa continuavam a solo!

O Céu limpo e o vento de cauda faziam antecipar um percurso rápido e seguro.






 

Na aproximação a LPVZ, o AFIS confirmava vento 090 com 15kts…. Mais trabalho! Mas com tripulações destas a segurança é total!

Todos no chão e em segurança! E com vontade de partir para novas aventuras!

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E por aí? Os vossos aeroclubes também são assim?  😉


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Miguel Simões e Carlos Costa

Telmo Ribeiro e David Marques

José Carvalhosa e Pedro Costa

João Branco e Pedro Prata

Amândio Marques e José Cerieira

Carlos Cardoso e Nuno Lage

Rafael Vendrell e Richard Scanlan

José Figueiredo e Alexandre Almeida

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A nossa equipa em destaque na imprensa de Teruel!

 
Obrigado ao Arturo e à Elisa por serem a alma persistente desta iniciativa!

 

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Carlos Costa e David Marques. Aero Clube de Viseu. 07 de Fevereiro de 2018. Fotografia por Carlos Costa e David Marques

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