Voar no De Havilland Chipmunk – Aero Fénix

Santarém Radio, os Chips na posição de espera Pista 05 a alinhar e descolar!”… era assim que começava a concretização de um desejo antigo, vindo a crescer desde o tempo da minha entrada para a Força Aérea Portuguesa mas que, por razões diversas, foi sendo adiado.

A convite do Comandante José Costa e Comandante J. Munkelt, visitei o hangar da Aero Fénix, no Aeródromo Cosme Pedrógão em Santarém por ocasião do seu Magusto 2015.

A Aero Fénix nasceu de um sonho no início de 1993, com o intuito de restaurar e operar um T6 Texan mas que apenas em 1995 se tornou realidade. Tem vindo desde então a zelar pela aquisição e restauro de várias aeronaves clássicas, das quais se destacam o Boeing Stearman e o emblemático De Havilland Chipmunk.

Depois de tantos dias de chuva e ventos fortes, o dia de sábado apresentava-se com uma visibilidade incrível. Não havia nas redondezas de Santarém uma única nuvem. O típico verão de São Martinho, estava assim instalado. Era perfeito para que os dois Chips voassem lado a lado, a mostrar-se lustrosos e vaidosos pelas redondezas a todos aqueles que vieram para lhes tirar as medidas.

Estavam soberbos de facto!!!

Chegado ao Aeródromo o cenário não poderia ser mais delicioso.

Os dois distintos Chipmunks estavam já fora do hangar e o belíssimo e verde Piper J-3C-65 Cub do Comandante Gérôme tinha vindo para se reunir, com o pretexto do Magusto organizado pela Fénix.

A falar de aviões e a admirar tamanhas belezas, estavam já uma mão cheia de aficionados da aeronáutica, sempre de câmara fotográfica ou telemóvel na mão, prontos para tirar uns belos ângulos e curvas destas saudosas máquinas voadoras.

Tinha chegado a hora de abrir o meu presente.

O Comandante José Costa esticou-me os auscultadores e sem margem para hesitações ou negações caminhou para o Chip prateado e “…anda, vamos voar!!”.
Ainda murmurei um “…mas…” mas ele nem me ouviu. Subiu para cima da asa e de costas para mim “…pisa só na borracha!”.
Vejo-me já sentado num espaço onde a minha figura cabe à justa e sou bombardeado para uma série de demandas “…não tocas nesta alavanca vermelha…não mexes nestes dois interruptores, esta alavanca amarela…” e lá continuaram as recomendações sobre o voo e a máquina. “…vamos fazer um voo pacífico de formação, tranquilo sem manobras arrojadas à volta do quintal…”, tudo isto estava a ser tão rápido e ao mesmo tempo tão lento. O briefing foi completo.

No final ainda tentei um “…e o saco de enjoo?!” mas ele nem me ouviu!!!

Tive ainda a ajuda do meu novo amigo Pedro Manso, que me deu algumas dicas do cinto de segurança de 4 pontos, fio do auscultador e outros elementos, enquanto o José Costa, ainda fora do avião bombeava o combustível perto do nariz do Chip para o fazer chegar aos injectores.

O cheiro a metal da máquina voadora era bom, muito bom e entrava-me saborosamente pelas narinas. Todo o ambiente e toda a vista que se tem no lugar de trás do Chip, é…fantástica!

Os relógios e manómetros à minha frente, começaram a mexer e logo de seguida o barulho do motor…sim, sei que sou ingénuo, novato nestas coisas e para muitos poderá ser trivial mas não o era para mim!!

Aquele barulho rouco e metálico era vibrante e uma vez mais, delicioso!

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Todos os meus sentidos estavam de facto em sintonia com a máquina que me envolvia.

E assim descolámos e lá fomos para o ar, alinhados ao lado do “Chip amarelo” do Comandante Munkelt.

Quarenta minutos de um rugido rouco e constante num voo equilibrado, estável e … vivo, que poderia durar muito mais pois as sensações eram fantásticas.

Senti que tive minutos em que nada disse e apenas inspirava profundamente semicerrando os olhos a gozar tudo aquilo… e acho que o José Costa pressentia, pois também durante largos minutos voámos, deslizámos com ele sempre de olho no “amarelinho”. Senti que a união piloto/máquina era perfeita!

A Aéro Fénix reune-se regularmente para dias de voos de treino e de divulgação. Porque não vai experimentar voar num verdadeiro clássico De Havilland Chipmunk? É obscenamente fantástico!

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Obrigado!!!

José Rocha. Novembro de 2015. Reposição de artigo CAVOK.pt. Fotografias gentilmente por Paulo Antunes.

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