Rudder – esquerda e direita ou algo mais?

O rudder ou leme de direcção como em português se pronuncia é um componente essencial para a correta manutenção de parâmetros de voo e a sua utilização tem consequências vastas na técnica de voo (boas ou más).

Acontece que, na grande maioria dos casos os pilotos com as mais variadas raízes aeronáuticas não dão a devida atenção a este componente tão importante, ou então pecam por sustentar demasiado do seu voo no mesmo. Como em tudo na vida “nem 8 nem 80”. A utilização do rudder deve ser cuidada, minuciosa e acima de tudo apoiada nos princípios aerodinâmicos que estão por trás da sua utilização.

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Um pouco de aerodinâmica…

Olhemos então para a imagem anexada.

CAVOK.pt

  • Situado no estabilizador vertical da aeronave, o rudder actua sobre o eixo vertical provocando o conhecido movimento de yaw “guinada”.
  • O estabilizador vertical actua como uma “asa” vertical e como tal gera sustentação, “lift”. Estando o rudder na porção traseira desta “asa” a sua deflexão altera a produção de “lift” em cada um dos lados.

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Assim sendo, aplicando rudder conseguimos fazer com que o estabilizador gere forças diferenciais e o torque criado actua sobre o centro de pressões gerando o movimento de guinada, acima mencionado.

A sua utilização se for correcta auxilia, a aeronave a manter-se direccionalmente estável.

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Com a explicação acima, torna-se evidente que o rudder é o responsável do movimento esquerda e direita na cauda da aeronave, contudo será apenas para isso que o mesmo serve?

De facto, na grande maioria das situações de voo a utilização de rudder serve para contrariar o fenómeno de “adverse yaw”.

O “adverse yaw” é um fenómeno natural que resulta meramente de fenómenos e princípios aerodinâmicos. Mais concretamente, é a tendência de a aeronave gerar uma guinada para o sentido oposto da volta.

Tal acontece devido ao facto de a asa que sobe durante a volta viajar a uma velocidade superior à asa que desce. Como é sabido quanto maior for a velocidade, maior é a sustentação gerada. No entanto, sempre que existe o aumento de sustentação, existe variação de forças e vectores. A asa que sobe e vai mais rápido tem mais sustentação, contudo também tem um aumento de drag durante o processo de começo de volta (e não durante a volta estabilizada). Nesses breves instantes em que a asa ainda está a subir o drag faz com que a asa fique momentaneamente para trás por oposição à asa descendente que avança (uma vez que a sua velocidade é menor, também o drag por ela sentido é menor).

A aplicação de rudder vem contrariar esse movimento, permitindo assim que a volta seja coordenada (evitando que o nariz da aeronave se mova no sentido oposto à volta).

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Assim sendo podemos concluir que cada vez que os ailerons são utilizados, também o rudder deve ser actuado para evitar o fenómeno de “adverse yaw”.

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Recordo que o “adverse yaw” é, em muitas situações, o responsável pela entrada em perda e depois em vrille quando se começa uma volta apertada a baixa velocidade.

Não nos esqueçamos do rudder em situação alguma!

Quando for possível fazer voo alto, devemos manobrar a aeronave em diferentes atitudes e ver qual o comportamento da mesma de forma a perceber quanto rudder deve ser aplicado em cada uma das situações.

Como guia podemos sempre utilizar a “bola”. Este instrumento indica-nos se a volta está coordenada ou não. A mesma deve estar sempre centrada!

 Step on the ball!

Bons voos e melhores aterragens (se possível com os pés sempre a trabalhar!)

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Carlos Palos. 17 de Janeiro de 2016. Fotografia por Luís Malheiro

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