Amarar e sobrevoar, no rio Tejo

O Centenário da Aviação Naval contou com a presença da aviação desportiva e de lazer. Dez aeronaves representaram a Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve (APAU).

A aviação ultraleve honrou a memória dos pioneiros da aviação nacional num voo de formação enquadrado pela Marinha Portuguesa (MP) com o apoio da Força Aérea Portuguesa (FAP) nas comemorações do centenário da Aviação Naval Portuguesa, em pleno rio Tejo, entre a Torre de Belém, a doca do Bom Sucesso e o monumento a Sacadura Cabral e a Gago Coutinho, ao cais da Princesa.

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Uma tarde de sol e vento moderado, navios de guerra e veleiros iconizados, pessoas e pássaros, foram elementos e testemunhas de um momento histórico que se assinalou e de um outro que se construiu. Pela primeira vez na historia de Portugal uma cerimónia presidida pelo Chefe de Estado, o Presidente da República e as mais altas entidades civis e militares, contou com a participação descomprometida da aviação ultraleve nacional – um dia que irá ser recordado como aquele em que os marinheiros portugueses, no rio Tejo, comemoraram os cem anos da aviação naval de Portugal honrados com anfíbios ultraleves e não só, o ‘espírito’ dos ‘pioneiros’ estava presente.


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APAU 1 podem avançar” ouve-se nos auscultadores dos pilotos na frequência da ‘Gaiola’ pela voz inconfundível do controlador de tráfego aéreo destacado pela FAP, o sargento-ajudante José Rocha, secundado pelo ‘chefe’ da formação APAU, piloto Pedro Gaivão, “Paulo, dá o sinal aos Quicks para que avancem já!!” e de imediato os céus, de baixa altitude, são “rasgados” ao largo de Algés, pelo voo intenso do Dynamic do piloto Paulo Almeida, a sinalizar a ordem de “avançar” aos três aviões de primeira geração.

A missão estava prestes a realizar-se e a concluir-se. Tudo acabaria em menos de cinco minutos. Para trás ficava mais de meia hora em “espera” em voo de formação de dez aeronaves ultraleves. Voos circulares facilmente observáveis por quem circulava junto ao rio.

Três pequenos aviões surgiram de oeste a sobrevoar o Tejo junto à Torre de Belém, pilotados por “pioneiros” dos tempos modernos, pessoas experientes e que somam juntos alguns milhares de horas de voo. Um voo lento… sereno, seguro, sem comunicações bilaterais, acertado, coordenados. Dois aviões de trem fixo terra, o terceiro com flutuadores e trem retráctil, progrediram em frente à tribuna, solenes, orgulhosamente seguros. E a história que se comemora escreve novas páginas francas com a passagem e a amaragem “touch and go” do anfíbio Quicksilver, em frente ao presidente da República e ao chefe de Estado Maior da Armada e seus convidados. O rio Tejo tinha de novo “sentido” e “acolhido” um avião. Dezenas de anos após a epopeia dos hidroaviões militares na doca do Bom Sucesso o piloto António Mesquita Rocha escrevia assim a página dedicada aos anfíbios, na solenidade do momento, mas havia mais…


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APAU os Quick estão a passar a Torre de Belém“, informa a “Gaiola”. “Gaiola, APAU a prosseguir para a passagem“, respondeu o “leader” da formação. E sete aviões, formados em “delta”, com o regresso do Paulo Almeida ao seu lugar, noventa nós, alinhados, a manter… seguem o seu destino: entrar na história e ficar a fazer parte dela!

A Torre de Belém aproxima-se, a manter quinhentos pés, rumo “Este” puro, as aeronaves ultraleves de terceira geração passam perfeitamente alinhados e prosseguem para o Padrão dos Descobrimentos, preparados para a volta de trezentos e sessenta graus pela direita, a manter altitude e velocidade, a regressar ao “target” para a segunda passagem. Enquanto isso, o número “sete”, o anfíbio Seamax, de casco, pilotado por Ricardo Severino e por António Veladas, sai da cauda da formação e “pica” pela direita, junta-se às águas do Tejo, evolui pela esquerda em direção à ponte 25 de Abril, fazendo meia volta e configurando-se para a sua performance de “touch and go”, em frente à tribuna.


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Os aviões APAU cruzam-se em pleno rio, altitudes de separação corretas, VFR puro, “see and avoid“, tudo perfeito… e o SEAMAX  ‘toca e anda’, abana as asas e segue o seu rumo, Cova do Vapor, a reunião. Na água fica o Quicksilver do piloto António Mesquita Rocha, fecha a “amaragem” e entra historicamente na doca do Bom Sucesso. Estava completada a missão, plenamente.

“APAU, foi lindo, parabéns, correu tudo muito bem, ficou lindo”, ouve-se a alegria na voz do controlador José Rocha, a “Gaiola” aliviava e rejubilava de contentamento, sente-se o orgulho nos cockpits “APAU”, Pedro Gaivão agradeceu, tranquilo e emocionado.

O horizonte oferecia um caminho de regresso às origens, para trás ficavam dois dias de voos, treino na quarta-feira e o segundo o da realização do evento. A história foi honrada e reescrita com a demonstração da capacidade da aviação ultraleve e dos seus pilotos em participações de alto nível, em performance de voo em formação.


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Parabéns a todos os pilotos, obrigado Marinha Portuguesa.

Formações APAU

 
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NR: Onde se lê CS-UMD (António Rocha) deve ler-se CS-UML (António Rocha).

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António Veladas. 14 de Outubro de 2017. Fotos por Maria José Domingos.

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