Viagem a Prievidza

Diário de 6 a 10 de Junho 2017

O objectivo estava definido. Levar o Dynamic WT9 à fábrica para reparar uma questão eléctrica que teimava em persistir desde que foi adquirido.

Desafiei o meu amigo e instrutor Álvaro Matos a fazer a viagem comigo. Aceitou para grande alegria minha.

Depois de tudo tratado com a Aerospool eis que chega o dia da viagem. Despedimo-nos do Sr. Victor com um “até já” e descolámos do Campo de Voo de Benavente.

A previsão meteorológica era CAVOK desde Portugal até ao destino LZPE (Prievidza); não podia ser melhor.


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Dia 1 : 06-06-17

A primeira perna teve de ser obrigatoriamente Campo de Voo de BenaventeLPCB (Castelo Branco) para efectuar “o voo internacional” de acordo com o NOTAM emitido há umas semanas e com a autorização emitida pela ANAC. Depois de descolar de LPCB e após pouco mais de dez minutos, entramos em território Espanhol já com o Controlo de Madrid. Ao passar perto da serra de Bejar a turbulência era mínima, houvesse um pouco de vento de cauda e era perfeito. Após a Serra estendia-se uma planície seca e árida característica do centro de Espanha.

Em território espanhol fomos instruídos a passar à frequência de Salamanca, depois Vitória e por fim San Sebastián. Nesta altura a visibilidade não estava óptima mas  com a proximidade do oceano e dos Pirenéus também não se podia querer melhor…

A partir daí entramos em território Francês, identificados pelo ATC Francês com uma cordialidade, clareza e simplicidade formidáveis. Fomos ouvindo inúmeras aeronaves a contactar o ATC sem plano de voo apenas dando o Callsign, número de pessoas a bordo, tipo de aeronave, origem e destino, uma simplicidade e eficiência fenomenais sempre com FIS (Flight Information Service) e sem qualquer tipo de constrangimentos relativos a voos internacionais nem autorizações. Com LFDA (Aire-sur-l’Adour, França) a 5 milhas pedimos para contactar a frequência local e o ATC pergunta se queremos encerrar o plano de voo pela frequência ou se fazemos em terra, via telefone. Respondemos que o faríamos via telefone ao qual ele pergunta se temos o número para encerrar o mesmo.  Pedimos que nos facultasse e depois despedimo-nos com um grande “Merci Monsieur” .

Aterrados em LFDA sobre um calor abrasador fomos abastecer com AVGAS91 por 1.91€. Apesar do inglês do responsável ser tão bom quanto o meu Francês, lá nos conseguimos fazer entender. O bar não tinha comida, só bebida, pelo que as sandes do Matos foram um belo repasto…

Descolados de LFDA sem plano de voo contactámos o controlo com o Callsign, tipo de aeronave, aeródromo de partida e destino e número de pessoas a bordo. É nos dado código transponder e passamos entre várias frequências à medida que vamos progredindo. O terreno era de um verde exuberante plano e com castelos e casas senhoriais antigas no meio de nada, pistas ULM e aeródromos eram mais que muitos e se necessário podíamos recorrer caso alguma urgência ou emergência pudesse ocorrer. Parecia um gigante aeroporto verde. Com uma componente de vento cruzado mantemos uma Vt de 110/115 Kt ,passamos por Clairmont e Dijon até que aterramos em LFSA (Besançon-Thise) pista ULM onde voavam ao mesmo tempo dois planadores, um pendular, um GA e aviões radio-comandados.

O primeiro dia chegava ao fim. Faltava só abastecer e ir para o Hotel…pensávamos nós…

O presidente do clube ULM que tinha assegurado reabastecimento não estava presente  e fomos informados que não tinham recebido combustível naquela semana. Com autonomia para uma hora, restava-nos abastecer perto para partir no dia seguinte, bem  cedo, para o destino final. Assim fomos ao aeródromo vizinho LFQM (Besançon-La Vèze) e abastecemos com AVGAS100 a um preço de 1.97!!!!!! Regressamos a LFSA, deixamos o WT9 no hangar e fomos tomar um bom banho, jantar e descansar.

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Dia 2 : 07-06-17

No dia seguinte a previsão meteorológica era igual CAVOK, infelizmente mais uma vez com vento cruzado ou contra, o que nunca permitia velocidades superiores a 115 kt de VT. Com plano de voo submetido em França com destino a LZPE (Prievidza) a rota seria atravessar o sul da Alemanha a norte de Munique, passar na República Checa e entrar na Eslováquia até LZPE. E assim foi. Ao  descolar de LFSA e já com os Alpes ao fundo entramos em contacto com Bale Information e após alguns minutos somos instruídos a contactar Zurich Information???? em território alemão (ainda hei-de perguntar ao Luís Rosa o porquê). O sotaque é inconfundível do ATC Suíço e após 20 minutos passamos para Munique Information, o terreno é plano com umas serras pequenas aqui e ali e um verde até perder de vista, para sul os Alpes mantém-se à vista como uma muralha branca intransponível.

Aqui, é nos atribuído um código squawk e continuamos o nosso voo na TMA  mas afastados do Aeroporto de Munique a 5000ft, e eis que para nossa surpresa é atribuído o nosso código squawk a uma aeronave inglesa a caminho de Itália???? prosseguimos e passados uns minutos a outra aeronave, desta vez alemã, é também atribuído o nosso código???? ao fim de 10 Nm eram já 7 aeronaves com o mesmo código squawk (por esta não esperava eu!!!).

Ao chegar à fronteira com a República Checa perdemos o contacto com o ATC alemão e contactámos Praga InformationSem problemas, sem pedir autorizações nem obrigatoriedade em aterrar nalgum sítio.

Neste último troço a orografia e o vento forte tornaram esta parte num massacre, após sobrevoarmos várias serras chegamos a uma zona plana com lagoas e um contraste entre as árvores verdes e o terreno mais seco amarelado. Mais valia que tivesse sido no início, não após quatro horas de voo. Por entre planadores e de olhos bem abertos, passámos bem perto de um pendular a 5000ft!!!!.

Abandonámos a República Checa e ao entrarmos na Eslováquia contactámos Bratislava sempre a varrer o céu para detectar planadores que eram muito frequentes na região. Chegamos a LZPE com dois planadores em circuito e fizemos uma final curta para uma pista de relva de 1000 metros com uma relva regular bem verde e irrepreensivelmente tratada…assim parecia do ar!!!… porém mesmo com uma aterragem suave do Matos, o terreno veio a revelar-se extremamente irregular e o avião é submetido a uns bons safanões. Se eles aqui operam é porque não há problema mas entre este piso e a pista  do Campo de Voo de Benavente não tenho dúvidas que o WT9 é melhor tratado em CVB.

 

O regresso para breve!!

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Bruno Águas. 25 de Junho de 2017. Fotos do autor.
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