Fogos florestais – Perigos para a aviação

Todos os anos, Portugal é fustigado por fogos florestais.

Esses fogos, em particular o fumo deles resultante, podem acarretar sérios riscos para a aviação, nomeadamente para a aviação geral.

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Perigos para a aviação associados aos fogos florestais e ao seu fumo…

  • PERDA DA SITUATIONAL AWARENESS E DESORIENTAÇÃO ESPACIAL – por redução da visibilidade que pode chegar a um ponto equivalente a IMC;
  • PERDA DE CONTACTO VISUAL COM O TERRENO – o fumo pode ocultar a morfologia do terreno, havendo a possibilidade de voo controlado contra o mesmo (CFITControlled Flight Into Terrain);
  • DESCONHECIMENTO DA POSIÇÃO DE TRÁFEGO AÉREO (PERIGO DE COLISÃO) – as aeronaves de combate aos fogos florestais podem estar em qualquer posição nas áreas afectadas pelos fogos e encobertas pelo seu fumo, transitando de e para o fogo ou a recolher água a partir de pontos de reabastecimento; da mesma forma, estão igual e frequentemente a utilizar/monitorizar frequências rádio discretas e/ou que não estão publicadas;
  • PROBLEMAS MECÂNICOS E DE INSTRUMENTAÇÃO – as partículas sólidas resultantes da combustão de matérias vegetais podem entupir filtros de ar, o que pode degenerar em mau funcionamento dos motores (sendo os motores convencionais (“pistão”) os mais sensíveis) e, num caso extremo, provocar a sua paragem em voo; o bloqueio das tomadas de pressão pelas mesmas partículas sólidas pode conduzir a indicações erróneas de alguns instrumentos de voo;
  • PROBLEMAS DE SAÚDE – a exposição ao fumo, às partículas sólidas e à matéria particulada resultante dos fogos florestais e o contacto com eles podem provocar diminuição da acuidade visual em voo (irritação dos olhos) e problemas respiratórios;
  • TEMPERATURAS DO AR MUITO ELEVADAS E CALOR INTENSO – o calor gerado pelos fogos florestais, associado às temperaturas do ar elevadas que se fazem sentir nos períodos do dia e do ano em que eles ocorrem com mais frequência, gera fenómenos locais semelhantes a fenómenos meteorológicos (fortes correntes ascendentes e descendentes, turbulência severa, diminuição significativa da densidade do ar).

Fogo 2[spacer height=”20px”]

O que fazer…

  • antes de ir voar, reúna toda a informação possível acerca da situação actual de fogos florestais activos em áreas abrangidas pela rota do seu voo;
  • verifique, para essas mesmas zonas, as condições de vento actual e as respectivas tendência e previsão;
  • NUNCA ENTRE NUMA NUVEM OU NUMA COLUNA DE FUMO – poderá não conseguir determinar a sua extensão lateral e vertical e os perigos que nelas se escondem (chamas, calor, movimentos violentos de massas de ar, terreno);
  • NUNCA SOBREVOE UM FOGO, MESMO QUE ESTEJA SEMPRE E GARANTIDAMENTE FORA DO SEU FUMO – além de ser muito perigoso, está a contribuir para o risco de colisão com outro tráfego a operar na zona e poderá condicionar seriamente a actuação e o trabalho dos meios aéreos que estejam a trabalhar no local, porque mesmo os pequenos fogos florestais podem ser o centro de uma intensa actividade aérea;
  • ainda assim, REPORTE QUALQUER FOGO QUE ESTEJA A VER ENQUANTO VOA, ESPECIALEMENTE FOGOS NASCENTES – mantendo sempre uma distância vertical e lateral segura em relação ao fogo, determine a sua posição terreno e transmita-a, juntamente com uma muito breve descrição do que está a ver, na frequência que está a utilizar no momento e/ou forneça todas as informações que o ATC lhe solicite;
  • se possível e somente e apenas quando tiver a certeza absoluta que estará sempre e garantidamente fora do fumo, VOE ACIMA E/OU AFASTADO LATERALMENTE EM RELAÇÃO AO MESMO (VOE A BARLAVENTO DO FUMO).

se tal não for possível:

  • replaneie a sua rota;
  • considere divergir para um aeródromo alternante ou para o aeródromo de partida;
  • NÃO VOE DE TODO – FAÇA-O APENAS QUANDO TIVER CONDIÇÕES PARA O FAZER EM SEGURANÇA!

fumo
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 Pedro Cruz. 28 Agosto 2016.

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