19º Festival Internacional Rubis Gás de Balões de Ar Quente

Uma Nova Experiencia cavok.pt – Presença no 19º Festival Internacional Rubis Gás de Balões de Ar Quente

Quando soubemos da realização deste festival, para além de o anunciar no nosso site, decidimos participar e ir ver in loco – a prática do balonismo e a sua beleza intrínseca.

Falámos com a organização, pedimos apoio a um fotógrafo profissional e combinámos ir no dia 11 de Novembro, aquando da realização do Festival, na Vila de Fronteira.

1ª Nota – Não sabemos sobre Balonismo. Portanto fomos “numa” de aprender.

O organizador do Festival, Aníbal Soares, praticante piloto e instrutor com larga experiencia na matéria, logo nos arrefeceu, têm de estar às 07.15 AM junto à Igreja à saída da A2…Bem ! nós íamos de Sintra, portanto saída às 05.15 AM. Lá fomos em modo “sleep” acordado…

Como afinal era mais longe do que pensávamos, nem pequeno almoço tivemos direito.

Durante a viagem, lá me fui mentalizando com a “cena” do Balonismo e com o pouco que sabia. Existem os dirigíveis, que eram a Hidrogénio e agora são a Hélio e como o termo reflecte, são direcionáveis no sentido horizontal e vertical. Depois existem os balões que também podem ser a Hélio ou a Ar Quente. Os Balões não permitem controlar a direcção horizontal, mas apenas a vertical. E pouco mais poderia avançar.

No entanto estava com muito sono, só de pensar na seca, de ver dois balõezinhos, durante o dia inteiro.

Quando chegámos à bonita vila alentejana de Fronteira, antes de entrar na cidade, subitamente, á minha frente, vejo uma confusão de n+1 balões gigantes e n+1 carros de apoio e atrelados com imensa gente à volta.

Afinal, isto parece que promete…!!

Ficámos apalermados, com a forte presença nacional e internacional de balonistas e suas equipas de apoio de Portugal, Espanha, França, UK, Holanda … e mais não sei dizer…

O espaço livre cerca de Fronteira, seria equivalente talvez a quatro campos de futebol e nele estavam espalhados pelo menos uns trinta balões, ainda no chão, com os seus equipamentos de apoio.

Como explicar isto?! Pelo princípio:

Cada equipa, é constituída por várias pessoas, um jipe e um atrelado. O atrelado leva a barquinha, o ventilador e a vela do Balão, para além das garrafas de gás para os queimadores.

As equipas eram de todos os tipos, desde os “amigalhaços entradotes” com grandes “bigodaças”, às famílias em que todos colaboravam e acabando num casal de reformados que tinham um balão tipo T Zero, em que voavam num “banco de jardim” com as “pernas ao léu”, absolutamente irreal!

Nós estávamos na versão “espanteted”, esqueçemo-nos rapidamente do sono e do pequeno almoço e “toca” de aprender, fotografar e filmar para registar esta nova experiência.

Como foi gerido, o evento, pelo nosso anfitrião Aníbal Soares, num primeiro momento à hora aprazada 07.30 AM, subiu a um muro e com um grito e sem papéis de apoio, foi chamando, com a sua voz de trovão, cada um dos pilotos participantes no evento, que depreendo pelas brincadeiras havidas, todos seus companheiros à “long time”.

Achei muito esquisito, que um homem daquela craveira e experiência se apresentasse, com um balãozinho cheio na mão, daqueles das festas das crianças…que rodava rodava…

Pois é, mas esta fase era o “briefing” dos pilotos e para além de se combinar a estratégia do voo, fazia-se a largada do dito balãozinho. Afinal muito importante, porque como estava cheio de hélio e subia rapidamente, todos puderam presenciar a força e direcção do vento a baixa e média altitude, desta forma simplicíssima e efectiva.

Durante o briefing e analisando a meteorologia, faziam a previsão da duração do vôo e do local provável de aterrissagem e suas características.

Depois do briefing, todos os pilotos regressaram às sua equipas e aos locais previstos para o enchimento e a largada dos seus balões, processo que no total talvez demorasse uma hora.

Primeiro retiravam as barquinhas dos atrelados e restante equipamento e depois estendiam as velas dos seus balões no chão. Entretanto a primeira fase é encher a vela com ar, para tomar forma, estamos a falar de velas enormes, pelo que todos recorriam a ventiladores a gasolina, apontados para a base da vela, que após muitos minutos, começava a encher e a tomar a sua forma de vôo.

Depois de as velas estarem com formato cheio, era garantido o seu amarramento à barquinha e começava a fase de trazer as botijas de gás, coloca-las nas barquinhas, ligar aos dois queimadores e testar os mesmos.

Após essa fase, existem uma série de cabos que são colocados em determinadas posições, acendem os queimadores e começam o processo de aquecer o ar no interior das velas.

Durante todo este período, as barquinhas estão fixas por cabos aos jipes de apoio.

Enquanto este processo decorre, cada piloto, no nosso caso o anfitrião, começa o briefing aos passageiros que o vão acompanhar, que consiste numa série de conselhos, cuidados a ter e obrigatoriedade de posicionamento na fase de aterragem do balão. Como devem saber, o trem de aterragem do balão, é a própria barquinha, pelo que os passageiros e pilotos antes da aterragem tem de se abaixar agarrar os cabos de apoio e colocarem–se de costas em relação ao sentido da aterragem do aparelho.

Todos os passageiros tinham de assinar um termo de responsabilidade e a haver menores eram acompanhados pelos Pais.

Vimos balões, com barquinhas de dimensões, desde de duas pessoas até às maiores que deveriam levar umas oito pessoas, claro que a carga era calculada de acordo com a dimensão e cubicagem do balão respectivo.

Neste festival a organização previu a possibilidade de o público interessado poder inscrever-se e voar sem pagar pelo que, a fila para o voo estava bastante preenchida. Havia também um conjunto de vouchers distribuídos que eram dados pelos “sponsors” do Festival.

Ao contrário do que previamente pensava, não vi quem demonstrasse medo, ou vontade de não querer voar, eram de todos os formatos, classes, idades e sexos, cheios de entusiasmo por esta experiência aérea, única.

Após cerca de uma hora de preparativos, o campo destinado ao voo, transfigurou-se completamente, estávamos rodeados de gigantes balões, de todas as cores e feitios, que enchiam completamente o espaço e estavam muitos, mesmo encostados, uns aos outros.

Apesar de ser piloto, mas de outras andanças aeronáuticas, fiquei espantado na forma como conseguiam os pilotos em terra e no ar, com a maior das calmas, controlar como brinquedos, aqueles gigantes, que se movem com uma lentidão, previsão e precisão fantásticas.

O evento, no dia em que fomos, era constituído por dois voos, um de manhã cedo com saída pelas 09.00 AM e outro ao fim da tarde pelas 04.00 PM.

Assim pelas 09.00, num dia de céu azul e com pouco vento, começamos a assistir à largada dos balões que é uma experiencia única, pela sua beleza no contraste com o céu e com a Vila.

Depois da largada, seguem o seu caminho, alterando a altitude no sentido de apanhar o vento mais propício, para os locais previstos de aterrissagem.

Pouco tempo de saírem, começamos a assistir ao arrumar dos equipamentos, ligarem os atrelados aos carros de apoio e porem-se a caminho, sempre em contacto com os seus pilotos e balões por rádio (com frequência atribuída de acordo com todas as regras aeronáuticas) que os vão acompanhando até aos locais de aterrissagem.

Assim, pusemo-nos também ao caminho, para assistir à chegada dos Balões, nuns bonitos campos ao pé de Alter do Chão.

Assim entre lindos campos, sobreiros, vacas, chegámos aos vários locais onde de forma muito tranquila e sem stress foram aterrando à vez, as dezenas de balões participantes.

Depois desta fase, os carros de apoio e atrelados aproximavam-se, esvaziam as velas e carregam os equipamentos e os passageiros e regressam a Fronteira.

Após o regresso um dos principais “sponsors” uma empresa de distribuição de gás, está pronta e a postos no local para o abastecimento de combustível, presumo GPL, que é efectuado a cada equipa que desloca os seus cilindros, de acordo com as práticas de segurança necessárias.

Depois desta fase chega a hora de almoço que é organizado na Vila de Fronteira com o apoio da Camara Municipal de Fronteira e da sua vereação.

Esta actividade é exigente do ponto de vista físico, é uma actividade desportiva aeronáutica de equipa e sujeita à meteorologia.

Durante o seu vôo, pela experiência vividas pelos passageiros, é uma viagem muito tranquila, contemplativa, permitindo observar o horizonte e tirar fotografias lindas.

Na parte da tarde pelas 15.00, foi efectuado o briefing aos pilotos e a largada do dito balãozinho. Aqui verificou-se, que sendo o objectivo Alter do chão, o balãozinho recusava-se a deslocar-se horizontalmente pelo que ficava sempre em cima da Vila de Fronteira !!

O processo de enchimento e largada foi novamente iniciado, sendo encaminhados os passageiros para cada balão.

Novamente assistimos à largada dos balões pelas 16.00 e começamos a verificar que se mantinham exactamente sobre a vila de Fronteira. O vento ao fim da tarde reduziu-se a zero, pelo que o espetáculo, não saia da nossa frente, estando o céu à nossa volta, recheado dos balões nas suas cores, fortes e contrastantes.

Começamos então a assistir, a um espetáculo inaudito e diferente, os balões estavam a voar literalmente a metros das casas no centro da cidade! Percebemos imediatamente a oportunidade e fomos rapidamente para o seu centro e começamos uma reportagem fotográfica incrível! Pequenas ruas, vielas, torres de Igreja e balões misturados com toda a população a ver e habituada com uma cena que para nós era previamente impossível aeronauticamente.

Não se consegue explicar o que assistimos sem verem as fotografias que disponibilizamos….. ????? …..

Lição: Quando houver um festival internacional de Balonismo, vão depressa ver, não pensem mais!

Nota 2: Não houve possibilidade da nossa fotógrafa voar para a realização deste artigo, por parte da organização do evento.

David Ferreira

 

11 de Novembro de 2015

 

Nota: Fotografias de autoria de Filipa Lindmark

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